terça-feira, 21 de outubro de 2014

A Ordem do Discurso

FOUCAULT, Michel - Loyola: São Paulo, 2002

Na obra A Ordem do Discurso, Foucault lembra que o discurso é material e por ser construído, tem perigos e poderes.  Como ele pode ser utilizado de maneira violenta, colocando significações prévias, o autor prevê modos de organizar este discurso através de classificações e delimitações, que são:
 procedimentos internos, procedimentos externos  e sistema de restrição.

Os procedimentos internos são três: comentário, o autor e a disciplina. O comentário é aquele presente nos textos e conjuntos ritualizados de discursos que se narram. Como tal  pode já ter sido dito, permanece dito ou ainda estão por se dizer. Neste aspecto, Foucault reconhece os comentários como parte do sistema de cultura,  como os texto religiosos, científicos e literários. O autor existe como princípio do agrupamento do discurso, e portanto não é o autor de uma matéria e sim o local onde pode se originar os diversos discursos. A disciplina é vista como um conjunto de métodos, que tem uma série de proposições verdeiras e falsas.


Os procedimentos externos são os processos de exclusão: Interdição, rejeição e rejeição do discurso, estabelecidos respectivamente pela palavra proibida, segregação da loucura e a vontade de verdade. Para Foucault, o procedimento mais utilizado e familiar é o da interdição de discurso, porque é onde existe as figuras do tabu do objeto, ritual da circunstância e o direito privilegiado ou exclusivo do sujeito que fala . Nesta perspectiva, não são todos que podem falar (direito privilegiado); nem tudo pode ser falado (tabu do objeto), que não se pode falar tudo em qualquer circunstância (ritual da circunstância):  “Sabe-se bem que não se tem o direito de dizer tudo, que não se pode falar de tudo em qualquer circunstância, que qualquer um não pode falar de qualquer coisa” (FOUCAULT,  2002, p.9).

A segregação da loucura é realizada na proibição do discurso do louco, neste contexto há uma rejeição do discurso entre a razão e a loucura, ou seja, o que não pode ser explicado racionalmente é separado.  A vontade da verdade é um dodo do discurso justificar certas práticas.

Os sistemas de restrição são o terceiro grupo de procedimentos que permitem o controle do discurso : os indivíduos devem seguir um certo número de regras para ter acesso a determinados discursos. Um exemplo ciado seria a qualificação que o indivíduo deve possuir antes de fazer seu discurso, é necessário todo um conjunto de signos que possa acompanhar este discurso.  Assim para o controle funcionar é necessário uma “Sociedade do Discurso” , cuja função é conservar ou produzir discursos e distribuí-los somente segundo regras estritas e definidas.

Mas nesta Ordem do Discurso, há maneiras de resistir ao controle, como por exemplo, dando acesso  a todo e qualquer tipo de informação, como no caso da educação por exemplo. Na educação, na leitura, na busca do conhecimento há maneiras de difundir um conhecimento e vários discursos de indivíduos.


Foucault então elabora uma proposta para fugir dos jogos de limitações e exclusões, através da inversão, descontinuidade, especificidade  e exterioridade. No qual o autor acredita que é preciso tratar o discurso como rarefeito, descontínuo, como um ato de violência às coisas e por isto deve-se evitar as significações prévias , usando o próprio discurso na sua aparição.

Tatiana Cioni Couto


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