segunda-feira, 15 de maio de 2017

Fichamento Raquel Paiva –Espírito Comum

Fichamento Raquel Paiva –Espírito Comum PAIVA, Raquel (Org.). O retorno da comunidade: os novos caminhos do social. Rio de Janeiro: Mauad X, 2003. 198p. Foco Central: Experiência comum, que unifica a diversidade das relações de sentido na unidade de produção social. Página 10 Perspectiva de comunidade: Diz respeito aos agenciamentos interpessoais e midiáticos. Página 10.Construção de um novo laço social. Objetivo: o arquétipo da comunidade ganha força na Era do crescimento econômico baseado nas tecnologias da comunicação (turbocapitalismo de Sodré) Afastamento: perspectiva rousseniana de comunidade, ou seja, (...), impulso nostálgico na direção de um Paraíso. Página 20 PREFÁCIO: • Sociedades modernas: arriscam-se ao autoritarismo justamente por causa do liberalismo que tentaram realizar. Página 10 • Comunidade: instrumento cultural (...), significação mobilizadora de transformação social. Página 17 INTRODUÇÃO: 1. Comunidade: • Tem aparecido como investida de um poder de resgate da solidariedade humana ou da organicidade social perdida. Página 19 • Palavra posta no centro da nova forma da questão social , sociedade extremamente bipolarizada em matéria de classes sociais. Página 20 2.informação: acaba exaurindo seu conteúdo, já que, ao invés de comunicar ela se esgota na representação da comunicação. Página 22 Aproximação com a representação apresentativa da mídia, de Muniz Sodré. PROPOSTA: Um pensamento sobre comunicação, hoje, comporta uma abordagem centrada não apenas na grande mídia, como também nas alternativas que têm sido tentadas. Página 22 Resumo: Pensar em comunicação hoje significa pensar na hegemonia da grande mídia, mas também nas alternativas a ela. 4. Análise da dinâmica comunitária: traz à tona a experiência da idade média, momento em que encontra seu apogeu. (...) A afiliação ao grupo absorvia o indivíduo inteiramente. Página 23 5. Gemeinschaft e Geselshaft (Tonnies) 5.1. Tonnies: entende comunidade como uma realidade concreta, causa de mudanças e alterações. Página 23 5.2. Tocqueville: enxerga o primeiro momento como marcado pela aristocracia (e o segundo pela democracia. Página 23 5.3 . Le Play: vê o primeiro instante como calcado na família patriarcal e o segundo, a partir do modelo da família instável. Página 23 5.4 . Marx: define como tópicos os regimes de produção feudal e o capitalismo. Página 23 DIÁLOGO: Baudrillard: comunicação de massa: as massas sempre se mantêm fascinadas pelo meio, ao invés de promoverem uma leitura critica das mensagens veiculadas. Página 24 QUESTÃO: é possível vislumbrar na comunidade de consumidores resquícios da comunidade tradicional? QUESTÃO: Se a atomização da sociedade praticamente corroeu a estrutura tradicional da comunidade em prol da individualização, de que maneira a comunicação poderia consolidar-se a não ser através da padronização? 6.simbólico da sociedade: suas representações agora são produções de mídia. Página 25 Aproximação com o conceito de bios midiatizado de Muniz Sodré. PROPOSTA DA COMUNICAÇÃO COMUNITÁRIA: 1. Passa pela revisão do conceito de comunidade, em como pela análise da possibilidade de inserção dessa estrutura na atualidade. Página 26 2. Cidadania e solidariedade: transformam-se em paradigmas que permitem imaginar uma ordem com objetivos diferentes da premissa econômica universalizante. Página 26 3. Comunicação comunitária como forma de fazer frente ao modelo econômico em que o número dos excluídos parece cada vez mais ampliado. Página 26 4. Comunitarizar a comunicação. Página 26 CAPÍTULO 1: GLOBALIZAÇÃO COMO ORDENAÇÃO SOCIAL Resumo: No CAPÍTULO 1 a autora começa a desenhar o cenário de um mundo globalizado, ou seja, ordenado de acordo com as perspectivas do capital. Da mesma forma, Paiva afirma que os processos de globalização são indissociáveis dos de localização, uma vez que, as novas tecnologias podem sugerir agrupamentos diversos e muitos analistas econômicos começam a pensar na importância de valores como a confiança na estruturação e no fluxo de capitais. Localizando o mundo globalizando entre compradores e vendedores, a autora vai confrontar-se com o pensamento do autor argentino Nestor Canclini, que afirma ser o consumo uma forma de exercer a cidadania. Em contrário, Paiva sugere que a constituição de um ordenamento mercadológico do mundo, ou catalaxia, como conceitua Sodré, acentua um apartheid social e mascara as mazelas provocadas pelo sistema capitalista. Dessa forma, Paiva pontua que a atual configuração do trabalho provoca uma perda da possibilidade de pertencimento do sujeito em relação a seu grupo, restando-lhe o núcleo familiar como última microcomunidade. Nessa perspectiva, Paiva dialoga com o pensamento de Frederic Engels para compreender as configurações de família, como base da estrutura social. Em conformidade com Engels, a autora caminha da família consanguínea, centrada nas relações de acúmulos de bens e riquezas, até a família contemporânea, construída sob a égide do afeto e desprovida da necessidade de contratos. Entretanto, enquanto minicomunidade, o núcleo familiar continua sendo necessário, "porque além de compactuar com a instancia produtiva, (...) administra também a atividade de consumo” (PAIVA,2003, p.42), em tempos e espaços pautados na atualidade pela lógica do capital Nesse cenário, em que, segundo a autora, o social se esvanece, a comunicação converte-se em estratégia de produção de hiper-realidade, orquestrada pela mídia (ibid., p.44). Dialogando com os pressupostos teóricos freudianos, Paiva sugere que a histeria poderia fornecer formas de leitura do discurso midiático, onde cada formação econômica definira uma neurose especifica e a erotização da mídia aproximar-se-ia com a das formas histéricas. Por esse motivo Paiva reforça a importância da ideia de comunidade no Ocidente, frequentemente associada a um mundo melhor e a importância das narrativas comunais, em que interpretações e releituras são selecionadas, determinando o espírito da comunidade. Logo, se os meios de comunicação estão inseridos na realidade cotidiana, através do que Todd Gitlin chamara de saturação midiática e Sodré de bios midiatizado e onde o Estado age no papel de gerenciador técnico do capital, a hipótese da autora concentra-se em pensar em alternativas contrarias à ordem vigente, possibilitadas pela própria estrutura social. Conceitos fundamentais 1. Localismos: • Provocam uma dificuldade crescente em lidar com os níveis ascendentes de complexidade cultural. Página 29 • Desejo de permanecer numa localidade delimitada. Página 29 2. Processos de globalização: • Indissociáveis dos de localização. Página 29 • O mundo passa a ser um só lugar, com inevitável aumento de contato. Página 29 1.Mercado internacional e trabalho 3.tendencia a globalização: instaura-se no momento seguinte ao da Guerra Fria. Página 30 4. modelo tripolar: • EUA, Rússia e países intermediários. Página 31 • Estado clássico: foco de desenvolvimento econômico, mas também um projeto político. Página 31 5. Globalização: bipartição da humanidade em duas categorias esquemáticas: vendedores e compradores. Página 31 6. Planetarização: instaura a compreensão do mundo a partir de mercados. Página 31 CRÍTICA DE RAQUEL PAIVA: A Nestor Canclini, por atrelar o consumo ao exercício da cidadania. 7. Preocupação com o fortalecimento do capital: • Alguns teóricos começam a associar o fortalecimento do capital ao comprometimento com a vivencia grupal. Página 32 • Se os membros de uma sociedade podem confiar em pessoas externas ao núcleo familiar, podem gerar capital social, isso vale para o bem-estar econômico e o capital financeiro. Página 33 8.confiança: pressuposto básico da comunidade. Página 33 9.atual configuração do trabalho: • Coteja ingredientes até então impensáveis, como a dispersão nas etapas de produção. Página 35 • Perde sua possibilidade geradora de pertencimento. Página 35 10. apelo ao nacionalismo: evoca aspectos da estrutura comunitária, na medida em que associa elementos da identidade nacional com o pertencimento territorial. Página 35 2.Agrupamento familiar e exclusão 11. família: base da estrutura social. Página 35 12.relações intersubjetivas: onde está guardado o desejo profundo do indivíduo de ter êxito no drama da existência. Página 36 13. matrimonio moderno: perdeu o sentido. Página 36 14.famÍlia consanguínea (Engels): • Comporta o casamento por grupos. Página 37. 15. família punuluana (Engels): exclui as relações sexuais entre os irmãos. (...) Sistema de concentração de riqueza. Página 37 16. família sindiásmica (Engels): • A poligamia é raramente observada por uma questão econômica. Página 37 • Criou uma nova ordem, introduzindo a riqueza privada e a preocupação com a força de trabalho. Página 38 17.família (Engels): produto do sistema social e refletirá o estado de cultura desse sistema. Página 38 18.nova ordem: elege a circularidade e transnacionalidade como padrões de comportamento. Página 39 19. bem e riqueza: deixam de ser representados pelo acúmulo de propriedade e bens, mas pelo poder de circulação, acesso à tecnologia e pelos bens que consomem. Página 39 20.analistas simbólicos: integram um conjunto de profissões (...), cuja atividade trata de identificar problemas e promover a venda de soluções através da manipulação de símbolos. Página 39 21.serviços rotineiros de produção: tarefas repetitivas de supervisão e gerência. Página 39 22.serviços pessoais: tarefas repetitivas em que os profissionais vendem seus serviços diretamente aos usuários. Página 40. 23.família contemporânea (Calligaris): a família contemporânea é construída ao redor do amor (...). Não é mais necessário fazer um contrato. Página 40 24.desaparecimento de estruturas: no momento em que se consolidam posturas autocentradas no indivíduo. Página 40 25.família hoje: • Continua sendo necessária. Página 42 • Importante enquanto minicomunidade, porque além de compactuar com a instancia produtiva, (...) administra também a atividade de consumo. Página 42 • Família fastfood: organiza os jantares congelados. Página 42 • Sua marca mais forte é a administração das suas atividades. Página 42 26. lugar do pai: pode vir a ser ocupado pela estrutura educacional e sistemas de governo totalitários. Página 43 3.Comunicação como estratégia 27.tempo e espaço: as medidas de tempo e espaço não são hoje mais determinantes. Página 44 28.o outro: a quem os modelos clássicos de comunicação chamam de receptor, transforma-se numa voz sobre quem pouco se sabe. Página 45 29. informação: devora seus próprios conteúdos (Baudrillard). Página 45 30.comunicação: • Converte-se em estratégia de produção de hiper-realidade, orquestrada pela mídia. Página 46 • Social: se esvanece. Página 46 31.nova mídia: o que existe é uma relação de pessoa para pessoa. Página 46 ARGUMENTO: Vê a internet como movimento próprio de um processo de segmentação de públicos, (...), uma alternativa produzida com o propósito de sustentação da estrutura comunicacional vigente. Página 47 32.comunicação comunitária: • Orientada não por uma lógica puramente empresarial, mas principalmente por determinações grupais ou comunais. Página 48 • O veículo deve ser adequado ao projeto global. Página 48 33. evolução técnica: alterou de maneira irrevogável a sua estrutura cognitiva, consequentemente sua compreensão do mundo e das bases que antes o sustentavam. Página 49 34.excesso informacional: não possibilitou aproximação efetiva entre os povos. Página 49 35.leitura da estrutura discursiva da mídia: é possível uma interpretação da contemporaneidade. Página 50 36.histeria de conversão (Freud): de onde a autora parte para ler o discurso midiático. • O discurso exaure-se por si mesmo, tornando visível o entendimento do mundo como espetáculo. Página 51 • A influência das premências culturais torna algumas civilizações neuróticas. Página 51 37. formação econômica e neurose: cada formação econômica pode ser representada por uma neurose específica. Página 51 38. erotização do discurso: a erotização do discurso presente na histeria é também passível de comparação direta com o discurso midiático. Página 52 39.vontade de interpretar: coloca em evidência o modo de existir do homem no mundo. Página 54 PROPOSTA: discutir uma reversão capaz de propiciar comprometimento e uma fala que seja a expressão de vivência real, de experiência concreta. Página 54 40. ideia de comunidade no ocidente: sempre esteve no imaginário social, como a proposta de um mundo melhor. Página 55 41.discurso inserido no cotidiano: pressupõe a prerrogativa da coexistência, do ser-em-comum com os outros. Página 56 42.surgimento de veículos comunitários: tem caráter basicamente local. Página 56 43.importancia das narrativas na comunidade: (USAR NO PROJETO) • Sua interpretação pode definir (.) a maneira como o grupo de indivíduos se relaciona com o mundo. Página 57 • A seleção do que merece ser interpretado, repassado e revivido determina o espírito da comunidade. Página 57 44.compreensão da comunicação comunitária: revela o objetivo de conectar os discursos da existência. Página 57 45.meios de comunicação: perfeitamente integrados à realidade social. Página 58 Diálogo com o conceito de bios midiático de Muniz Sodré e saturação de mídia de Todd Gitlin HIPÓTESE: A estrutura social vigente por vezes evoca a introdução da ordem contrária (contra-hegemonia) 46.Estado: • Desloca-se para a função de gerenciamento técnico (...) do capital. Página 60 • Omisso, principalmente no que tange à mediação social. Página 61 47.O Estado, para Tonnies: • Instituição própria da estrutura societária. Página 61 • Seu fim é organizar a vida social. Página 61 48.Estado nação: passa a contar com o sentimento de pertencimento e coesão por parte da sua população. (...) as pessoas envolvidas nas questões próprias do Estado reconhecem-se como parte do todo. Página 61 49.mídia: expressa a lógica do capital porque não há diferença entre ambas. Página 6 CAPÍTULO 2: LEITURAS POSSÍVEIS DE COMUNIDADE 1. Ideia de comunidade: fundamental no processo romântico alemão e trafega por conceitos como povo, nação, estado e sociedade. Página 65 2. Sociedade e comunidade: podem coexistir, definindo de forma decisória a vida do homem atual. Página 66 Do suposto paraíso 3. Contemporaneidade: evidencia a dissolução de valores e o esfacelamento da identidade, colocando em xeque a própria existência da sociedade. Página 66 4. Comunidade, para Kant: teria um duplo significado, podendo indicar tanto comuniquem quanto comerciam e opta pela segunda opção. Atribuindo-lhe o sentido de comunhão dinâmica. Página 68 5. Comunidade para Schleirmacher: forma de vida social caracterizada pela orgânica, perfeita e intrínseca relação entre os seus membros, contrapondo-a à sociedade. Página 68 6. Comunidade na perspectiva sociológica: • Folk Society: dirige-se a pequenas sociedades. Pagina 68 • Menor grupo social e o primeiro nível de organização social. Página 72 Jogo dos Espelhos 7. Comunidade na perspectiva psicológica: • Comporta relações sociais que vão desde a amizade (...) à comunicação ou comunhão de ideias. Página 68 • Qualidade de relação de indivíduos que se caracteriza por sentimentos de solidariedade. Página 71 8. Comunidade na perspectiva psicológica: relação (..) onde existe a possibilidade de participar nas decisões que o grupo deve tomar, (...) a tônica da cooperação. Página 69 9. Comunidade para Hobbes: a ideia de sociedade sucede a de comunidade. Página 69 10. Comunidade para Tonnies: • A compreensão do que vem a ser a comunidade (vem de questões como) família e propriedade da terra. Página 69 • Linguagem: grande responsável pela expressão do afeto dos costumes e da fé em comum. Página 69 • Na sociedade o que prevalece é a vontade individual (...), na comunidade é a vontade comum e o interesse coletivo que dominam. Página 70 11. Família: arquétipo de onde derivam tanto os grupamentos de base territorial quanto os afetivos. Página 72 Território e relação 12. Identificação: • Pauta-se por afetividade e proximidade. Página 72 • Freud considera que a civilização, para conseguir manter unida uma comunidade, lança mão de fortes identificações entre seus membros. Página 73 13. Limites para os instintos agressivos: são indispensáveis para a continuidade da civilização. Página 73 Comunicação e nova espacialidade Resumo No CAPÍTULO 2, a partir das diversas noções e conceitos de comunidade a autora pretende desenhar as possibilidades de aplicação da perspectiva comunal na vida atual. De fato, Paiva critica em todas as concepções a ideia de comunidade como "imaginária, mais do que um conceito que se possa usar operativamente” (PAIVA,2003, p.68). Acima autora norteia os conceitos de comunidade na perspectiva psicológica, onde se caracteriza por sentimentos de solidariedade, chegando até o olhar sociológico, localizando a comunidade como menor grupo social. Dialogando novamente com Hobbes, que localiza a ideia de sociedade sucedendo a de comunidade, Paiva vai compreender com Tonnies o que vem a ser comunidade como as questões da família e da propriedade de terra. Logo, evidenciam-se as imbricações entre território e relação na sociedade, onde observam que as identificações se pautam pela afetividade e proximidade, necessários para a união de uma civilização. É esta mesma civilização contemporânea que a autora compreende como afetada pela excessiva mobilidade e a prevalência da vontade e os interesses individuais. Nessa perspectiva, onde a contemporaneidade dissolver valores sociais, a autora compreende que sociedade e comunidade podem coexistir, agindo sobre a vida do homem contemporâneo e propõe que a reestruturação de um grupo social passe por bases comunitárias de atuação. 14. Excessiva mobilidade: • Provocou revisão da importância espacial. Página 76 • Muitos a consideram responsável pela destruição da comunidade local. Página 76 15. Reestruturar um grupo social: quer dizer colocar em questão bases comunitárias de atuação. Página 76 16. Falar de comunidade: entrar no campo religioso, principalmente cristão, porque estão implícitos os conceitos de fraternidade, reciprocidade, confiança e comunhão. Página 78 PROPOSTA: A partir da definição conceitual do que venha a ser comunidade, desenhar as possibilidades de sua elaboração e aplicação na vida atual. Página 79 PROPOSTA: perceber as maneiras como o sujeito tem realizado sem projeto de dividir o espaço e de que maneiras outras poderia rearranjar seu cotidiano. Página 79 CAPÍTULO 3: COMUNIDADE COMO EXISTÊNCIA Resumo No CAPÍTULO 3, Raquel Paiva vai falar sobre a relação entre o sujeito e o outro, compreendendo que o homem vive mais na comunidade do que em sua individualidade. O outro, para a autora estrutura a personalidade e o inconsciente do sujeito, constituindo o ser em comum, responsável pela linguagem. Em igual medida, Paiva recorre ao conceito de clinamen de Epicuro, para pensar a relação do sujeito em comunidade. Assim como dois átomos em queda livre que se chocam, alteram a trajetória um do outro, a comunidade seria para autora o clinamen do indivíduo, alterando-o e constituindo sua existência em relação ao outro. Paiva ressalta que o estar junto não seria definido pela proximidade, mas por “uma atitude recíproca de interioridade (PAIVA,2003, p.85) ”. Dessa forma, a religião seria a instância com a função por excelência de promover a comunhão entre os indivíduos, que partilham da mesma existência, reconhecendo-se na vida do outro, não só pelo efeito aglutinador do cotidiano, mas pela percepção do existir na relação do “ser em comum”. IDEIA CENTRAL: O homem vive mais na comunidade do que em sua individualidade. 1.Comunidade: • Representa para o indivíduo a via de estruturação de sua existência. Página 81 • Postura mais integrada do homem em seu cotidiano. Página 83 3. O outro: • É constitutivo da personalidade e do inconsciente do sujeito. Página 81 • Ser em comum (Heidegger): instância responsável pela presença no mundo da linguagem. Página 82 • O espaço e o tempo como instâncias definidoras, constituem a comunidade do ser-em-comum. Página 82 Inclinar-se para o outro 4.clinamen (Epicuro): • Dois átomos que estão em queda livre no espaço e se encontram, chocando-se. página 82 • Comunidade: clinamen do indivíduo. Página 82 Sob os dogmas cristãos 5. propósitos básicos do ideal de comunidade: nela o indivíduo encontra-se ligado, em relação. Página 84 6. estrutura societária: onde a associação passa a reger a vida dos indivíduos, com propósitos de aproximação. Página 84 7.capacidade de relação com o outro: foge ao entendimento grego de vida (vê o outro como algo que está fora). Página 84 8.estar junto: não significa partilhar a experiência do outro (...). Não é apenas a proximidade que define, (...), mas uma atitude recíproca de interioridade. Página 85 9.religiao: tem a função de promover a comunhão entre os indivíduos. Página 85 10. solidão: tem uma função importante e também se configura como caminho para abordagem da diferença e da aceitação. Página 86 11.ideia de comunidade para Bonhoeffer: elemento de união entre indivíduos que reforça o espírito de fraternidade e convivência. Página 86 12.radicalidade: está em aceitar a liberdade do próximo (...) e que coloca por muitas vezes a relação à prova. Página 86 13.cotidiano: gera um efeito aglutinador e também tranquilizador do grupo, que se sente estabelecendo relacionamentos sem os riscos das relações ocasionais. Página 87 í Conviver com o outro 14. necessidade de pertencimento do indivíduo: significa também o seu enraizamento no cotidiano do outro. Página 87 15.relação comunitária: o indivíduo, ao partilhar da existência, se reconhece na vida do outro. (...) do nascimento à morte pode-se perceber o próprio existir. Página 88 CAPÍTULO 4: COMUNIDADE DAS TROCAS REAIS E SIMBOLICAS Resumo Já no CAPÍTULO 4, Paiva vai recorrer a diversos autores para compreender as trocas simbólicas entre os sujeitos e as transformações pelas quais passam essas trocas, na ascensão da sociedade, em substituição à comunidade. Identificando a língua como o elo concreto que define um grupo e que confere estatuto de realidade a este grupo, Paiva dialoga com Karl-Otto Apel para compreender os âmbitos da ação humana, que são a família política internacional e os interesses vitais à humanidade. Assim, a autora localiza a civilização cientifico-técnica, como afastada da tradição moral do grupo, rompendo com a vida em comunidade tonniesiana onde posse prazer, bens e males são comuns e ligados ao território e à família. Na passagem da comunidade à sociedade, o trabalho, que antes era ligado à herança familiar, torna-se fruto do gosto individual e o sentimento de pertencer dá lugar ao descomprometimento. Entretanto a autora não enxerga um fim nas perspectivas comunitárias da atualidade, observando, em diálogo com Olivetti, que o desenvolvimento da sociedade "pode permitir o nascimento do interesse comum de ordem moral e material entre os homens (...) a partir da comunidade de interesses” (PAIVA,2003, P.100) firmada através das trocas simbólicas que suscitem a consciência do ser em grupo, a qual, segundo Cassiano, constitui a ordem social. Intercambio das experiências do cotidiano 1. Língua: • Compõe um conjunto que os sujeitos duma localidade se dispõem a partilhar, como forma básica de repartir suas experiências. Página 91 • É também o elo concreto através do qual se consegue definir um grupo, uma comunidade, um território. Página 92 • Constituiria para Apel uma comunidade da comunicação. Página 94 2. Comunicação: estatuto de realidade, inter-relação e participação efetiva dos integrantes do processo comunicacional. Página 92 3. Ação humana (Apel): • Microâmbito: família. (...)página 92 • Mesoâmbito: política internacional. (...)onde a ação humana se reduz em grande medida ao impulso arcaico do egoísmo de grupo e da identificação. Página 92 • Macroâmbito: destino da humanidade. (...). Interesses vitais humanos. Página 92 4. Civilização científico-técnica: colocou todos os povos, raças e culturas sem cuidado com a tradição moral do seu grupo específico. Página 93 5. Liberalismo ocidental: tem limitado a obrigatoriedade da fé religiosa e da moral à esfera da decisão privada da consciência. Página 93 Comunhão e partilha 6. Vida em comunidade (Tonnies): • Posse e prazer mútuos, assim como posse e gozo dos bens comuns e males comuns. (...)na sociedade, há a disposição dos interesses comuns. Página 94 • Ligado ao território. Comunidade significa dividir o mesmo espaço físico. Página 95 • Família e as relações de vizinhança são definidoras do que vem a ser a comunidade. Página 95 7. Casa: corporificação das relações (da comunidade). Página 95 8. Mesa: engloba a produção dos alimentos e o espaço onde se reúnem todos os membros da casa. Página 95 9. Vizinhança: portadora da fraternidade, no sentido mesmo de sentimentalismo ético-econômico. Página 95 10. Consenso: sentimento recíproco, obrigatório, com vontade peculiar da comunidade. (...)responsável pela existência comunitária. Página 96 11.religião: ligação dos sujeitos na sociedade. Página 96 12. forma de organização comunitária: baseada na economia da reciprocidade, pela qual a terra e os bens pertencem a todos. Página 97 13. trabalho: regido pela preocupação de prosseguimento à herança familiar, enquanto na sociedade a eleição se dá em função do gosto individual. Página 97 14. vontade: Wesenwille (vontade natural) e Kurwille (vontade racional): uma ligada à espontaneidade e hábitos e a outra como expressão da reflexão e que fixa os objetivos e os meios para alcançá-los. Página 97 Sintonia da convivialidade 15.relação social de comunidade: quando se apoia em um único aspecto sobre um sentimento comum de pertencimento dos indivíduos. Página 98 16. Estrangeiro: permanece com a característica do descomprometimento. Página 99 17.aproximação com o outro (Cassando): fundada no reconhecimento da diferença. Página 99 18.mediação (Cassando): a mediação simbólica é uma função essencial na constituição da ordem social. Consciência é determinada pela mediação simbólica. Página 100 Praticidade organizacional como possibilidade real 19.desenvolvimento da civilização moderna (Olivetti): pode permitir o nascimento do interesse comum de ordem moral e material entre os homens(...) a partir da comunidade de interesses. Página 100 20. medida humana da comunidade: define-se pela disposição de cada pessoa para o contrato social. Página 101 21. resgate do sentimento de pertencimento (Olivetti): • Implica dar ao território das novas comunidades um nome histórico. Página 101 • A globalização diminuiu os contatos humanos. Página 102 CAPÍTULO 5: COMUNIDADE REALIZADA No CAPÍTULO 5, a autora vai compreender as formas de união dos sujeitos, compreendendo o estabelecimento de veículos como uma forma de gerar o pertencimento que constitui a comunidade. Dessa forma Paiva aproxima-se do pensamento freudiano sobre os regulamentos da civilização para identificar na comunidade um mecanismo do homem para se proteger contra a dor. Em outro diálogo com Scheleirmacher, Paiva observa a diferença entre a sociedade e a comunidade através da concepção de filhos do mundo, que são envolvidos com o trabalho organizado e centrados em si mesmos (sociedade) e os filhos do espírito (comunidade) preocupados em estabelecer vínculos profundos. Os vínculos seriam os fundadores da comunidade. Assim como a linguagem e a lei partem da apropriação do espaço-tempo pelo grupo, o real poderia ser formulado a partir da vontade destes sujeitos em comum. Apesar de visualizar esse objetivo com os pressupostos teóricos de Marx, Raquel Paiva ressalta que o filósofo alemão não engrossa o coro dos que creem na comunidade como momento histórico(...) ou como estrutura social justa” (PAIVA,2003, p.112) ”. Em contrário, associa-a à sociedade feudal, localismos e a uma forma societal idílica que tem servido ao despotismo Perspectiva de unidade 1. Tendência à união: marca mais importante do espírito comunitário. Página 106 2. Estabelecer vínculos: instaurar um sistema capaz de gerar o sentimento e o direito regidos pelo fazer parte da comunidade. Página 107 3. Regulamentos da civilização (Freud): • Proteção contra os instintos hostis do homem. Página 107 • O homem produz mecanismos capazes de se proteger contra a dor. (...). Um caminho é tornar-se membro da comunidade humana. Página 107 Ex: Filme: A Vila Para uma comunidade do amor 4. Filhos do mundo (sociedade para Scheleirmacher): • Indivíduos envolvidos com o trabalho organizado(...), centrados no indivíduo como força socialmente organizada e preocupados em subjugar a natureza. Página 108 • Usam a linguagem corrente apoiada numa conexão mecânica dos termos. Página 108 • Ideal romântico. Página 110 5.filhos do espírito (comunidade para Scheleirmacher): • Preocupados em estabelecer vínculos profundos. Essa comunidade ainda não existe no real. Página 108 • A linguagem é uma prisão para eles, porque precisam encontrar os termos adequados. Página 109 Para a reformulação da estrutura social 6.comunidade e sujeito: • O que funda a comunidade é o vínculo espiritual, linguagem e lei que unem culturalmente os indivíduos. Página 111 • A comunidade contêm o indivíduo,mas é o sujeito que realiza a comunidade. Página 111 7. perspectiva marxista de apropriação do real: • sociedade como ordenadora do papel social do sujeito. Página 112 • Marx. Não engrossa o coro dos que creem na comunidade como momento histórico(...) ou como estrutura social justa. Página 112 Obá associa à sociedade feudal, localismos e a uma forma societal idílica que tem servido ao despotismo. 8. Comunidade e sociedade para Weber: tipos fundamentais de estrutura social. Página 113 CAPÍTULO 6: PROPOSTAS DE VIABILIZAÇÃO COMUNITARIA No sexto CAPÍTULO, Raquel Paiva vai consolidar o conceito de comunidade, atuando em conjunto com o modelo societal. Identificando na época atual a debilidade do poder público, o aumento do desemprego e o consumo como estrutura estruturante no cenário social, a autora vai pontuar o surgimento de instituições intermediárias, que se localizam entre as instituições políticas e a sociedade civil. Nessa perspectiva, Paiva dialoga com Schmitz para construir uma visão sobre as instituições, como entidades que asseguram o bem comum dos indivíduos. Atuando nas comunidades, as instituições podem auxiliar a consolidação e no fortalecimento dos laços comunitários. Dessa forma, reconhece-se o poder local como movimento democrático que está no centro de transformações que envolvem maior participação e desburocratização, confrontando-se com o ideal societário globalizado e seus princípios de hegemonia e exclusão. Nessa perspectiva a autora aponta para o formato cooperativista como instrumento capaz de valorizar e auxiliar áreas abandonadas pelo mercado e Estado. Apesar de reconhecer a eficácia deste modelo, Paiva ressalta que esta pode ser uma forma do governo isentar-se de suas responsabilidades na área social. Fichamento: 1.Consumo: torna-se a cada dia elemento capaz de definir o perfil dos grupos. Página 116 2.desempregados:um dos fatores que tem propiciado o surgimento dos movimentos em prol da cidadania. Página 116 3.debilidade do poder público: • Produz não somente o sentimento de abandono, mas também permite a entrada e fortalecimento de outras ordens. Página 117 • Instituições intermediárias: organismos que propiciaram existência saudável entre as instituições políticas e a sociedade civil. Página 118 Comunidade como instituição 4. relação contratual: demonstra-se insustentável caso não faça sentido e não seja referendada pelo grupo. Página 118 5.instituições: formas estáveis e relativamente definidas para caracterizar até mesmo crenças e ideias. Página 119 • Na falta de instituições o sujeito está perdido. Página 119 6.tarefa ontológica da instituição: assegurar o bem comum dos indivíduos. Página 120 7. PROPOSTA DE SCHIMTZ: que as novas formas sociais consigam tornarem-se instituições, havendo um reconhecimento amplamente estruturado da sua necessidade de sua necessidade. Página 120 8.comunidade x instituição: • A própria comunidade pode atuar como instituição. Página 120 • Uma instituição pode consolidar um esquema comunitário. Página 120 • Uma comunidade pode lançar mão de instituições de forma a tornar mais vigorosos seus laços. Página 120 PROPOSTA: em nível local se podem realmente identificar com clareza as principais ações redistributivas. Página 121 9. poder local: está no centro do conjunto de transformações que envolvem a descentralização, a desburocratização e a participação, bem como as chamadas novas tecnologias urbanas. Página 123 Comunidade como unidade de gerencia e pressão 10.possibilidade comunitária: • Quer dizer não aceitar totalmente o ideal societário, no qual a globalização traz como lógica os princípios de hegemonia e exclusão. Página 123 • Significa continuar relacionando comunidade com projeto, não experiência, oposto à prerrogativa dominante de progresso e mundialização, mas presente desde sempre na história da humanidade. Página 124 11.pós-modernidade: inaugurou não apenas a descrença na eficiência das produções do sujeito, mas também a sua falência como centro produtor de verdade. Página 124 12.questao ecológica (Schmitz): tem sido capaz de promover uma ação coletiva em meio á generalizada fragmentação. Pagina 125 13.tres males que afetam a sociedade contemporânea (Taylor): • Perda de sentido e desaparecimento do horizonte moral. Página 125 • Racionalidade usada para conseguir a eficácia máxima. Página 125 • Perda da liberdade. Página 125 14.vasto movimento democrático (Taylor): única força capaz de fazer recuar a hegemonia galopante da razão instrumental. (...)propõe a descentralização do poder e a combinação das forças regional e planetária. Página 126 15. vivencia comunitária na sociedade atual: • Forma de gerenciamento da estrutura social(...). Reconhecimento da falência na concepção do progresso como condutor das produções sociais. Página 127 • EUA: privilegiam o comunitarismo como ordenamento da sociedade contemporânea. Página 127 • Estruturas onde são bem visíveis os conceitos de riqueza e pobreza. (...)nessas estruturas recorrer à estrutura comunitária significa reconhecer a situação, ativar o sentimento de agregação e a busca conjunta de soluções. Página 128 16.organizações: não são verdadeiros coletivos. São instrumentos para um fim. Página 128 Cooperativismo como formato possível 17. cooperativismo: grupamentos voluntários que valorizam a administração autônoma e avançam por áreas abandonadas pelo mercado e pelo Estado.página 129 • A crítica que esse formato tem recebido é que pode ser uma forma de o governo isentar-se de suas responsabilidades na área social. Página 130 • Conjunto de pessoas que podem ate ser diferentes, mas que possuem objetivos comuns e movidas por eles montam uma estrutura para tentar resolver parte de seus problemas. Página 134 CAPÍTULO 7: PERSPECTIVA COMUNICACIONAL No último CAPÍTULO, a autora vai analisar as particularidades dos meios de comunicação comunitária e sua ação na sociedade atual. Logo, enxerga na comunicação comunitária a preocupação com o comprometimento político que se configura como alternativa ao esvaziamento político do período de excesso informativo e esvaziamento de sentido da contemporaneidade. Assim, um veículo comunitário não somente presta serviços, prerrogativa e obrigação de todo veículo de comunicação, mas tem como foco a mobilização que suscite o exercício da cidadania de seus membros. Consubstancia-se a argumentação de Paiva com a ideia do processo de comunicação popular, que começa quando os grupos de mais baixo status deixam de fazer esforços para se comunicarem través da hierarquia das elites intermediárias ou dos meios públicos ordinários e estabelecem Seu próprio sistema de comunicação horizontal (PAIVA,2003,p.139). É necessário, entretanto, estabelecer o lugar da técnica, que possibilita o surgimento de meios comunitários, em oposição aos grupos de comunicação com interesse comercial disfarçados de meios comunitários. Há entretanto, uma preocupação da autora com a verticalização do discurso e com o afastamento do veículo da comunidade onde se instalou. Controlar esses fenômenos seria papel tanto do veículo quanto do agente externo de comunicação social, onde a comunicação pode ser o espaço por meio do qual pode ser formada a esfera pública(.) e onde a rede pode se constituir no paradigma da nova democracia (PAIVA,2003, P.168) 1.padronização do enfoque e a impregnação do consumo: propiciam, no esgotamento das formas, também a perspectiva de opções até então alijadas. Página 135 2. movimento seguinte ao caracterizado pelo monopólio dos conteúdos informativos: excesso informativo. (.)esvaziamento de sentido. Página 135 3.comunicação comunitária: • Comprometimento político. Página 136 • Jornalismo comunitário: elaborado por membros da comunidade que tentam através dele obter maior força política. Página 136 4. Agnes Heller e comunidade: a autora reconhece em qualquer grupo a capacidade de poder transformar-se em comunidade. Página 136 5.comunidade: onde vigoram o caráter cooperativo e a representatividade(...). Ação organizada de indivíduos que possuem ou estão sob condições comuns. Página 136 6. veículos comunitários: não são jornais de bairro. Página 136 • Surge como resposta prática às necessidades que tem a região de conhecer seus próprios problemas. Página 139 • O que caracteriza um veículo como comunitário não é sua capacidade de prestação de serviço, mas a proposta social, seu objetivo claro de mobilização vinculado ao exercício de cidadania. Página 140 • Veículo comunitário deve valorizar a cultura local. Página 145 • É preciso que seja gestão permanente da comunidade Perfil de veiculo comunitário 7. Fluxo informacional: elemento decisório para o exercício real da cidadania, além de imprescindível instrumento democrático. Página 138 • Na circulação de dados é possível compreender a realidade e dispor de recursos que permitam interferir no curso da história, alterando o cotidiano. Página 138 8. processo de comunicação popular: começa quando os grupos de mais baixo status deixam de fazer esforços para se comunicarem através da hierarquia das elites intermediárias ou dos meios públicos ordinários e estabelecem seu próprio sistema de comunicação horizontal. Página 139 9. função do comunicador social: profissional que pode estar alertado para o seu papel de agente social, capaz de promover e potencializar a articulação comunitária. Página 143 • Agente externo (jornalista): possui função(...), que pressupõe o compromisso político. Página 144 A questão técnica 12. democratizar a técnica: é um ponto que o grupo hegemônico tem a todo custo, evitado colocar em prática. Página 147 13.rádios livres: estão sempre vinculadas a uma ideia, a um grupo, à expressão de uma subjetividade, responsável por definir sua programação. Página 148 14.radio comunitária: bastante delimitada. Presta serviços para uma região específica. Página 148 15. zines: produzidos por grupos ou indivíduos que querem divulgar suas ideias. Página 148 16.sociodrama: partir de um gênero popularizado no Brasil que envolve as narrativas dramatizadas. Página 150 17.internet: percepção de que o sujeito possa transitar em mão dupla e não apenas recebendo passivamente as mensagens. Página 151 18.grileiros de ar: grupos com interesses francamente comerciais apenas travestidos de comunitários. Página 151 19.comunicação: desempenha papel forte no resgate do municipal. Página 154 20.crise urbana: esvaziamento do espaço de construção social. Página 154 • Surgimento de meios alternativos de expressão. Página 154 21. comunicação (Carrion): meio de acionar o municipal. Página 154 • O município deve ser acionado como totalidade. Página 155 • O município deve recuperar sua noção de proximidade. Página 155 22.veículo popular e discurso: qualquer veículo popular corre o risco de verticalizar o discurso(...). Passando a haver domínio de um grupo técnico mais preparado sobre a elaboração do discurso. Página 156 23.aspecto técnico: responde pela própria audiência. Página 157 • Movimentos populares: reconhecem que forma e conteúdo são importantes. Página 156 24.implantação de tv a cabo: para alguns, a terra prometida. Página 159 Comunicação comunitária na atualidade 25.Maffesoli e a internet: vai propiciar o nascimento de uma nova nação. Página 162 26.trocas da vida comunitária (De Kerklove): perdidas pelo homem, na medida em que aprendeu a ler e escrever. Página 162 27.virtualização da realidade: imersão na aldeia global implica no reconhecimento de que (...) a comunicação com os outros pode ser considerada como imediata e também oral. Página 164 28.interpretação: onde não existe interpretação não existe realidade. Página 164 29.cenario de superinformação em rede: há certa igualização, mas não é possível abrir mão da condição econômica onde emerge a globalização. Página 165 30.redes: formadoras de opinião. Página 166 Pode combater a verticalidade dos meios de comunicação de massa. Página 168 31.novas tecnologias: revisão no uso de veículos tradicionais. Página 167 32.comunicação: pode ser o espaço por meio do qual pode ser formada a esfera pública(.) e onde a rede pode se constituir no paradigma da nova democracia. Página 168 RESENHA A obra Espírito Comum, de Raquel Paiva, vai traçar um diálogo com autores das ciências sociais e a filosofia com o objetivo de compreender a experiência comum, que sintetiza as inúmeras relações entre sujeitos e sentido nas estruturas sociais humanas. Assim, o arquétipo da comunidade encontra-se fortalecido em uma época onde as tecnologias de comunicação encontram seu apogeu e constroem novas formas de vida, amparadas e potencializadas pelos fluxos midiáticos de informação e capital que Muniz Sodré definira como turbocapitalismo. Logo no inicio do texto, Paiva posiciona um afastamento da perspectiva rousseniana de comunidade, em que ha uma pulsão nostálgica e a visão de um ambiente imaculado. Apesar disso, a autora sugere que a comunidade concentra em si um poder de resgate da organicidade social e da solidariedade humana, que pode dialogar com as representações midiáticas, não somente no olhar crítico, mas nas alternativas que pode engendrar. Retomando Ferdinand Tonnies e os conceitos de Gemeinschaft e Geselshaft para pensar a comunidade como uma realidade concreta, Paiva debruça-se sobre a contemporaneidade midiatizada e capitalista por excelência para questionar se é possível vislumbrar na comunidade de consumidores resquícios da comunidade tradicional. No CAPÍTULO 1 a autora começa a desenhar o cenário de um mundo globalizado, ou seja, ordenado de acordo com as perspectivas do capital. Da mesma forma, Paiva afirma que os processos de globalização são indissociáveis dos de localização, uma vez que, as novas tecnologias podem sugerir agrupamentos diversos e muitos analistas econômicos começam a pensar na importância de valores como a confiança na estruturação e no fluxo de capitais. Localizando o mundo globalizando entre compradores e vendedores, a autora vai confrontar-se com o pensamento do autor argentino Nestor Canclini, que afirma ser o consumo uma forma de exercer a cidadania. Em contrário, Paiva sugere que a constituição de um ordenamento mercadológico do mundo, ou catalaxia, como conceitua Sodré, acentua um apartheid social e mascara as mazelas provocadas pelo sistema capitalista. Dessa forma, Paiva pontua que a atual configuração do trabalho provoca uma perda da possibilidade de pertencimento do sujeito em relação a seu grupo, restando-lhe o núcleo familiar como última microcomunidade. Nessa perspectiva Paiva dialoga com o pensamento de Frederic Engels para compreender as configurações de família, como base da estrutura social. Em conformidade com Engels, a autora caminha da família consanguínea, centrada nas relações de acúmulos de bens e riquezas, até a família contemporânea, construída sob a égide do afeto e desprovida da necessidade de contratos.Entretanto,enquanto minicomunidade o núcleo familiar continua sendo necessário, "porque além de compactuar com a instância produtiva,(...)administra também a atividade de consumo"(PAIVA,2003,p.42), em tempos e espaços pautados na atualidade pela lógica do capital .Nesse cenário, em que, segundo a autora, o social se esvanece, a comunicação converte-se em estratégia de produção de hiper realidade, orquestrada pela mídia(ibdem,p.44). Dialogando com os pressupostos teóricos freudianos, Paiva sugere que a histeria poderia fornecer formas de leitura do discurso midiático, onde cada formação econômica definira uma neurose específica e a erotização da mídia aproximar-se-ia com a das formas histéricas. Por esse motivo Paiva reforça a importância das ideias de comunidade no Ocidente, frequentemente associadas a um mundo melhor e a importância das narrativas comunais, em que interpretações e releituras são selecionadas, determinando o espírito da comunidade. Logo, se os meios de comunicação estão inseridos na realidade cotidiana, através do que Todd Gitlin chamara de saturação midiática e Sodré de bios midiatizado e onde o Estado age no papel de gerenciador técnico do capital, a hipótese da autora concentra-se em pensar em alternativas contrarias A ordem vigente, possibilitadas pela própria estrutura social. No CAPÍTULO 2, a partir das diversas noções e conceitos de comunidade a autora pretende desenhar as possibilidades de aplicação da perspectiva comunal na vida atual. De fato, Paiva critica em todas as concepções a ideia de comunidade como "imaginária, mais do que um conceito que se possa usar operativamente"(PAIVA,2003,p.68).Assim,a autora norteia os conceitos de comunidade na perspectiva psicológica, onde se caracteriza por sentimentos de solidariedade, chegando até o olhar sociológico,localizando a comunidade como menor grupo social. Dialogando novamente com Hobbes,que localiza a ideia de sociedade sucedendo a de comunidade, Paiva vai compreender com Tonnies o que vem a ser comunidade como as questões da família e da propriedade de terra. Logo, evidenciam-se as imbricações entre território e relação na sociedade, onde observam que as identificações se pautam pela afetividade e proximidade, necessários para a união de uma civilização. É esta mesma civilização contemporânea que a autora compreende como afetada pela excessiva mobilidade e a prevalência da vontade e os interesses individuais. Nessa perspectiva, onde a contemporaneidade dissolver valores sociais, a autora compreende que sociedade e comunidade podem coexistir, agindo sobre a vida do homem contemporâneo e propõe que a reestruturação de um grupo social passe por bases comunitárias de atuação. No CAPÍTULO 3, Raquel Paiva vai falar sobre a relação entre o sujeito e o outro, compreendendo que o homem vive mais na comunidade do que em sua individualidade. O outro, para a autora, estrutura a personalidade e o inconsciente do sujeito, constituindo o ser em comum, responsável pela linguagem. Em igual medida, Paiva recorre ao conceito de clinamen, de Epicuro, para pensar a relação do sujeito em comunidade. Assim como dois átomos em queda livre que se chocam, alteram a trajetória um do outro, a comunidade seria para autora o clinamen do indivíduo, alterando-o e constituindo sua existência em relação ao outro. Paiva ressalta que o estar junto não seria definido pela proximidade, mas por “uma atitude reciproca de interioridade (PAIVA,2003,p.85)”. Dessa forma, a religião seria a instância com a função por excelência de promover a comunhão entre os indivíduos, que partilham da mesma existência, reconhecendo-se na vida do outro, não só pelo efeito aglutinador do cotidiano, mas pela percepção do existir na relação do ser em comum. Já no CAPÍTULO 4, Paiva vai recorrer a diversos autores para compreender as trocas simbólicas entre os sujeitos e as transformações pelas quais passam essas trocas, na ascensão da sociedade, em substituição a comunidade. Identificando a língua como o elo concreto que define um grupo e que confere estatuto de realidade a este grupo, Paiva dialoga com Karl-Otto Apel para compreender os âmbitos da ação humana, que são a família política internacional e os interesses vitais à humanidade. Assim, a autora localiza a civilização cientifico-técnica, como afastada da tradição moral do grupo, rompendo com a vida em comunidade tonniesiana onde posse prazer, bens e males são comuns e ligados ao território e à família. Na passagem da comunidade à sociedade, o trabalho, que antes era ligado à herança familiar, torna-se fruto do gosto individual e o sentimento de pertencer dá lugar ao descomprometimento. Entretanto a autora não enxerga um fim nas perspectivas comunitárias da atualidade,observando, em diálogo com Olivetti, que o desenvolvimento da sociedade "pode permitir o nascimento do interesse comum de ordem moral e material entre os homens(...) a partir da comunidade de interesses"(PAIVA,2003,P.100) firmada através das trocas simbólicas que suscitem a consciência do ser em grupo, a qual, segundo Cassiano, constitui a ordem social. No CAPÍTULO 5, a autora vai compreender as formas de união dos sujeitos, compreendendo o estabelecimento de veículos como uma forma de gerar o pertencimento que constitui a comunidade. Dessa forma Paiva aproxima-se do pensamento freudiano sobre os regulamentos da civilização para identificar na comunidade um mecanismo do homem para se proteger contra a dor. Em outro diálogo com Scheleirmacher, Paiva observa a diferença entre a sociedade e a comunidade através da concepção de filhos do mundo, que são envolvidos com o trabalho organizado e centrados em si mesmos (sociedade) e os filhos do espírito(comunidade)preocupados em estabelecer vínculos profundos. Assim, os vínculos seriam os fundadores da comunidade, bem como a linguagem e a leia partir da apropriação do espaço tempo pelo grupo, o real poderia ser formulado a partir da vontade destes sujeitos em comum. Apesar de visualizar esse objetivo com os pressupostos teóricos de Marx, Raquel Paiva ressalta que o filósofo alemão não engrossa o coro dos que creem na comunidade como momento histórico(...) ou como estrutura social justa” (PAIVA,2003,p.112)”.Em contrário, associa-a a sociedade feudal, localismos e a uma forma societal idílica que tem servido ao despotismo. No sexto CAPÍTULO, Raquel Paiva vai consolidar o conceito de comunidade, atuando em conjunto com o modelo societal. Identificando na época atual a debilidade do poder público, o aumento do desemprego e a consumo como estrutura estruturante no cenário social, a autora vai pontuar o surgimento de instituições intermediárias, que se localizam entre as instituições políticas e a sociedade civil. Nessa perspectiva, Paiva dialoga com Schimtz para construir uma visão sobre as instituições, como entidades que asseguram o bem comum dos indivíduos. Atuando nas comunidades, as instituições podem auxiliar a consolidação e no fortalecimento dos laços comunitários. Dessa forma, reconhece-se o poder local como movimento democrático que está no centro de transformações que envolvem maior participação e desburocratização, confrontando-se com o ideal societário globalizado e seus princípios de hegemonia e exclusão. Nessa perspectiva a autora aponta para o formato cooperativista como instrumento capaz de valorizar e auxiliar áreas abandonadas pelo mercado e Estado. Apesar de reconhecer a eficácia deste modelo, Paiva ressalta que esta pode ser uma forma do governo isentar-se de suas responsabilidades na área social. No último CAPÍTULO, a autora vai analisar as particularidades dos meios de comunicação comunitária e sua ação na sociedade atual. Logo, enxerga na comunicação comunitária a preocupação com o comprometimento político que se configura como alternativa ao esvaziamento político do período de excesso informativo e esvaziamento de sentido da contemporaneidade. Assim, um veículo comunitário não somente presta serviços, prerrogativa e obrigação de todo veículo de comunicação, mas tem como foco a mobilização que suscite o exercício da cidadania de seus membros. Consubstancia-se a argumentação de Paiva com a ideia do processo de comunicação popular, que começa quando os grupos de mais baixo status deixam de fazer esforços para se comunicarem través da hierarquia das elites intermediárias ou dos meios públicos ordinários e estabelecem Seu próprio sistema de comunicação horizontal (PAIVA, 2003, p.139) É necessário, entretanto, estabelecer o lugar da técnica, que possibilita o surgimento de meios comunitários, em oposição aos grupos de comunicação com interesse comercial disfarçados de meios comunitários. Há, entretanto, uma preocupação da autora com a verticalização do discurso e com o afastamento do veiculo da comunidade onde se instalou. Controlar esses fenômenos seria papel tanto do veiculo quanto do agente externo de comunicação social, onde a comunicação pode ser o espaço por meio do qual pode ser formada a esfera pública (...) e onde a rede pode se constituir no paradigma da nova democracia (PAIVA, 2003, P.168).