segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Fichamento elogio da razão sensível-Michel Maffesoli

MAFFESOLI, M . Elogio da razão sensível. Petrópolis: Vozes, 1998.


No primeiro capítulo, o autor conceitua o itinerário a ser percorrido, ao falar de um saber sensível como método, ou seja, Maffesoli propõe o que denomina uma sociologia "da caricia” (1998, p.22) que substitui a representação racional das coisas por uma contemplação apaixonada do mundo. O sensível seria assim parte integrante do mundo, modo de compreender e principalmente vivenciar os fenômenos sociais. É possível aproximar-se de uma metáfora(que posteriormente será observada sob o foco maffesoliano) presente na musica de Vinicius de Moraes e toquinho " a vida tem sempre razão", ao dizerem "que nada adianta postar-se de fora".Assim como Maffesoli irá valorizar a forma e o pensar interno,coletivo,da experiência social,a experiência com o CPT deve ser verificada do lado de dentro, por seus participantes,através dos relatos presentes nas entrevistas realizadas.Somente assim , para o autor e para este estudo, é possível tangenciar a experiência sensível em sua totalidade e distintas nuances.

I-DEONTOLOGIA • Sabedoria relativista: Quando já não se tem quaisquer garantias, ideológicas, religiosas, institucionais, políticas, talvez seja preciso saber apostar na sabedoria relativista. Esta “sabe”, por um saber incorporado, que nada é absoluto, que não há verdade geral, mas que todas as verdades parciais podem entrar em relação umas com as outras. P.11
• Sensibilidade generosa, que não se choque ou espante com nada, mas que seja capaz de compreender o crescimento específico e a vitalidade própria de cada coisa. P.12
• O saber ligado à “razão instrumental”: é um saber ligado ao poder. P14
• Apego ao ordinário: É estando desapegado em relação aos diversos ideais impositivos e universais, é estando enraizado no ordinário, que o conhecimento responde melhor à sua vocação: a libido sciendi. Por que não dizer: um saber erótico que ama o mundo que descreve. Assim, pela purgação do geral, da verdade, daquilo que é tido como correto, pode encarar-se o plausível e os possíveis das situações humanas. P.14
• Temática do sensível: bem poderia ser a marca da pós-modernidade. P.18
• Proposta metodológica: propus pôr em ação um pensamento de acompanhamento, uma “metanóia” (que pensa ao lado), por oposição à “paranoia” (que pensa de um modo impositivo) próprio da modernidade. Algo como uma sociologia da carícia, sem mais nada a ver com o arranhão conceptual. P.22
• Representação x apresentação: substituição da representação pela apresentação das coisas. p.23
• Apresentação das coisas: se contenta em deixar ser aquilo que é, e se empenha em fazer sobressair a riqueza, o dinamismo e a vitalidade deste “mundo-aí”. p.24
• Criação do mundo: interação entre a criação social e a de um autor. E aquele que estiver atento à beleza do mundo, às suas expressões específicas, participa do esforço criativo deste. p.24
• A elevação do sensível ao inteligível: Entendendo-se que tal “elevação” reconhece o sensível como parte integrante da natureza humana e, evidentemente, os efeitos sociais que isso pressupõe. p.27
• Maravilhar-se: É na dor e no sangue que se nasce para a existência. Mas é no maravilhar-se que é possível, bem ou mal, ir vivendo. É integrando tudo isso que se saberá ser o menos infiel possível à efervescência existencial característica da socialidade Contemporânea. p.29
II A Razão abstrata

Ao tentar compreender a razão abstrata, o autor efetua uma cisão entre o pensamento moderno, focado na separação e o pensamento erótico, contemporâneo, que observa amorosamente “a vida em sua integralidade” (1998 p.60). Logo, entender que a observação do social não deve ser feita "do lado de fora”, mas por intelectuais orgânicos, como pensara anteriormente Gramsci, intrinsecamente imbricados com os fenômenos sociais. a razão não deve vir assim, a priori,mas será uma consequência posteriori da contemplação sensível do mundo,feita de empatia e sensibilidade com que se pode experimentar e observar o mundo.O cotidiano contemporâneo estaria dessa forma formado de socialidade,a qual
Por um lado, está impregnada de comunicação verbal, a partir da qual é possível elaborar algumas leis gerais, mas, por outro lado, comporta também aquilo que chamamos de comunicação não verbal, coisa bem delicada de apreender com precisão. É o domínio do sensível (MAFFESOLI, 1998, p.60).
• Sobre o desenvolvimento cientifico: à barbárie artesanal dos séculos anteriores sucede a sofisticação dos meios propiciados pelo avanço tecnológico e pelo desenvolvimento científico. p.34
• Vida: vida é um movimento perpétuo onde se exprime a União dos contrários. p.37
• Crítica ao nacionalismo: o que está, essencialmente, em questão no nacionalismo é bem isto: um extraordinário fechamento sobre si mesmo, uma energia que é dispensada e empregada de maneira unicamente interna. p40
• O trabalho da razão é um perpétuo recomeço, que em nada se pode enclausurar a realidade, esta que sempre está em vantagem sobre o pensamento que dela se pode ter. p.47
Diálogo: Edgar Morin e o pensamento ecológico. p.48
• A sociedade contemporânea:
1. Pelo próprio fato de estar apegada ao cotidiano, à “proxemia”, não consegue mais acomodar-se a uma divisão estrita entre aquilo que seria da ordem da razão, e aquilo que pertenceria à da paixão. p.50
2. Identidades, classes, categorias socioprofissionais, filiações partidárias, ideológicas ou religiosas, tudo isso tende, progressivamente, a dar lugar a um vasto sincretismo de contornos pouco delimitados, onde cada qual é chamado a desempenhar papéis diversos, no jogo sem fim das aparências. p.52
• Sobre separação (pensamento moderno):
1. Freud: o poder separador que constitui a arma essencial do pesquisador, esse “cavaleiro do ódio”. p.53
2. De Adorno, passando por Durkheim, uma mesma sensibilidade se exprime: a da separação, a de uma razão abstrata que não consegue, não sabe, perceber as afinidades profundas, as sutis e complexas correspondências que constituem a existência natural e social. p.60
• Esquecimento progressivo do pensamento “erótico”: isto é, de um pensamento amoroso da vida em sua integralidade, tende a favorecer uma atitude normativa e justificativa. p.62
• Intelectuais orgânicos:Cada sociedade precisa de intelectuais orgânicos e não unicamente de intelectuais críticos, ou partidários do statu quo. É quando esse pólo orgânico vem a faltar que se entra num processo de decadência, isto é, de incapacidade, para um dado corpo, de ajustar sua maneira de ser e seu modo de pensar. p.63(conexão com Gramsci)
• Razão e compreensão:
Mais do que uma razão a priori, convém pôr em ação uma compreensão a posteriori, que se apoie sobre uma descrição. • Rigorosa feita de conivência e de empatia (Einfühlung). Esta última, em particular, é de capital. p.66 • Vida: A vida não se deixa enclausurar. p.67
• Ciência: a ciência não é senão a cristalização de um “saber disperso na vida, através do mundo cotidiano”. p.67
Socialidade: Esta, por um lado, está impregnada de comunicação verbal, a partir da qual é possível elaborar algumas leis gerais, mas, por outro lado, comporta também aquilo que chamamos de comunicação não verbal, coisa bem delicada de apreender com precisão. É o domínio do sensível. p.69
III A razão interna

Mas o que seria afinal a razão sensível, interna ao sujeito e que perpassa o corpo social, formando-o?Para o autor a razão sensível seria da ordem do afeto, ou "alavanca metodológica que pode” servir à reflexão epistemológica, e são plenamente operatórias para explicar os múltiplos fenômenos sociais, que, sem isso, permaneceriam totalmente incompreensíveis.(MAFFESOLI,1998, p.72).Este é o ponto e onde partir para compreender o fenômeno em sua essência,permitindo chegar até o que o autor denomina o "grund", a razão interna,que expressa uma cultura ou um conjunto de fenômenos sociais historicamente localizado.Toda análise social deve fundamentar-se na busca do "procurar o fundamento, e não a simples causa, de todo ato, de toda representação, de todo fenômeno, a fim de perceber-lhe a razão interna, ainda que esta deva contrapor-se à razão funcional ou instrumental à qual nos habituamos. "(MAFFESOLI,1998, p.86).Dessa forma, as razoes de um fenômeno como o CPT por exemplo, consistem não somente na observação externa dos fenômenos,mas no mergulho nas experiências vivenciadas, na lógica interna dos fenômenos e dos sujeitos em interação e na matéria que forma a própria comunidade de aprendizagem. Sem tocar minimamente nesta essência, torna-se impossível descrever a contento o objeto escolhido.
• O afeto:O afeto, o emocional, o afetual, coisas que são da ordem da paixão, não estão mais separados em um domínio à parte, bem confinados na esfera da vida privada, não são mais unicamente explicáveis a partir de categorias psicológicas, mas vão tornar-se alavancas metodológicas que podem servir à reflexão epistemológica, e são plenamente operatórias para explicar os múltiplos fenômenos sociais, que, sem isso, permaneceriam totalmente incompreensíveis. p.72
• “ideias força”: elas percebem o estado nascente dos fenômenos sociais em sua globalidade. p.80
• Razão interna: Pequena razão própria causa e efeito de um compartilhamento de valores entre alguns poucos. Nesse sentido, a razão interna é a expressão de uma cultura específica. p.81
• Razão e sentimento: O próprio das emoções, dos sentimentos, das culturas comuns, é que eles repousam numa vida compartilhada; todo o trabalho intelectual consistindo, portanto, em perceber a vida que os anima. Entendendo-se que essa vida tem suas razões que, com muita frequência, a razão desconhece, ou não deseja conhecer. p.82
• Análise social: Procurar o fundamento, e não a simples causa, de todo ato, de toda representação, de todo fenômeno, a fim de perceber-lhe a razão interna, ainda que esta deva contrapor-se à razão funcional ou instrumental à qual nos habituamos. p.86
Grund: fundamento, razão interna; p.88.
• Raciovitalismo:uma entidade, seja ela qual for, encontra sua razão de ser em si mesma, é causa e efeito de si mesma, é seu próprio fundamento (Grund). p.89 • Matéria e alma:“Pela matéria, em cada um de nós, é parcialmente a história inteira do Mundo que é repercutida. Por mais autônoma que seja a nossa alma, ela herda uma existência que foi prodigiosamente trabalhada, antes dela, pelo conjunto de todas as energias terrestres”. p.90
• Raízes de uma comunidade: As raízes de um ser, e as de uma comunidade, são uma mistura de passado, presente e futuro, mas não podem ser compreendidas de um modo externo; é preciso ir buscar sua lógica no próprio interior das mesmas, sob pena de obter uma visão abstrata desencarnada e, de cada vez, superficial. p.90(USAR NA COMUNIDADE DE APRENDIZAGEM)
• Convergência:O mundo das formas, o mundo da forma, apanágio do poeta, não faz mais do que cristalizar o que se poderia chamar de desejo de unicidade que anima todas as coisas. Para além da fragmentação, inerente à vida mundana, há uma aspiração à convergência que a exigência poética personifica com perfeição. p.98
• Todo:O todo, por mais paradoxal que isso possa parecer, é bem anterior às partes que o compõem. E o que é mais importante: a compreensão das partes nos é, antes de mais nada, dada pelo todo”. p.104. • O “raciovitalismo”: reconhece um ponto de vista epistemológico das correspondências existenciais que marcam a vida do dia-a-dia. p111
IV Do Formismo

Como proposta de vislumbrar a face dos fatos sociais, Maffesoli propõe o conceito de forma como parte fundamental das sociedades, matriz que gera os fenômenos sociais na cultura pos-moderna. a forma,para o autor "é fazedora de sociedade" (MAFFESOLI,1998,p.122).A forma é cheia de dúvidas,contenta-se em apresentar e não prima pela separação racionalista do objeto como meio de compreendê-lo. Em contrário.Parece-nos que,na lógica da razão sensível, meramente desenha a forma social ,apresentando-lhe a essência,diante da qual o pesquisador deve se postar com o olhar sensível, deixando-se penetrar de suas nuances,para poder compreender mais intimamente o fenômeno pretendido.Para isto,o autor se aproxima do conceito yunguiano de arquétipo:
Eis o que a forma arquetípica pode nos ajudar a compreender: há resíduos arcaicos, imagens primordiais que fazem com que a vida seja o que é que a modelam enquanto tal e por aquilo que ela é. (MAFFESOLI,1998,p.149)
Neste conceito, há, em diálogo com o francês, um caminho a seguir, de modo a compreender a integração humana, a forma como os sujeitos se relacionam e a essência deste conjunto que se convencionou chamar humanidade, conjunto de sonhos coletivos, dos mitos e dos arquétipos que integra o sujeito "em um conjunto mais amplo do qual ele é parte integrante. (idem, ibidem, p.152).
• Sociedade e imagem: nossas sociedades são animadas, de modo orgânico, pelo jogo das imagens. p.115
• A forma: 1. é de fato a matriz que gera todos os fenômenos estéticos que delimitam a cultura pós-moderna. p.118
2. Forma: sem deixar de valorizar o corpo, as imagens, a aparência, ela é “formante”, isto é, ela forma o corpo social; em outras palavras, ela é fazedora de sociedade. p.122
3. A forma, ou a sua expressão filosófica – o formismo –contenta-se em levantar problemas, fornecendo “condições de possibilidade” para responder a eles caso a caso e não de maneira abstrata. É nesse sentido que a forma é cheia de dúvidas, e faz destas uma força inegável no processo de conhecimento. p.126
4. Essência na forma: sou a partir de uma essência – eu diria uma forma – que a vida pode existir, e que se pode pensá-la. p.128
5. A forma agrega, agrupa, modela uma unicidade, deixando a cada elemento sua própria autonomia, sem deixar de constituir uma inegável organicidade. p131
• Unicidade. Esta, por oposição à unidade que exclui, mantém, de maneira contraditória, a coesão de todos os elementos fragmentados do dado mundano. p.121
• Arquétipos: arquétipos:
1. importa agora apreciar-lhes as consequências sociais. P.148
2. Eis o que a forma arquetípica pode nos ajudar a compreender: há Resíduos arcaicos, imagens primordiais que fazem com que a vida seja o que é que a modelam enquanto tal e por aquilo que ela é. p.149
3. Através dos sonhos coletivos, dos mitos e dos arquétipos, é toda a pré-história da humanidade que continua a exprimir-se. Trata-se de algo de transpessoal, que ultrapassa cada indivíduo e que o integra em um conjunto mais amplo do qual ele é parte integrante. p.152
• A força da forma: impondo uma emoção coletiva ela orienta as vontades individuais e assim, “faz” sociedade. p.153
• Bildung: A Bildung designa igualmente a abertura à graça divina, isto é, uma iniciação que nos leva a participar da plenitude da perfeição. P.154
• Indivíduo x pessoa:Indivíduo, que possui uma identidade precisa, faz sua própria história e participa, pelo contato com outros indivíduos, da história geral, e pessoa, que tem identificações múltiplas no âmbito de uma teatralidade global. O indivíduo tem uma função racional, a pessoa desempenha papéis emocionais. P.160
V Fenomenologia

Detalhando seu processo metodológico, Maffesoli recorre à fenomenologia como outro modo de pensar o mundo, unindo a razão instrumental à razão sensível, que opõe o "porque" moderno ao "como” pós-moderno, que não fala pelo objeto, mas através dele, dialogando intelecto x alma. è preciso neste dialogar,dar a devida importância a intuição, como a percepção individual de um saber coletivo,cotidiano,que advém de uma interação entre os sujeitos no mundo,ou " “saber incorporado” que, em cada grupo social e,portanto, em cada indivíduo, constitui-se(MAFFESOLI,1998,p.194) como vinculo.esta ligação não será somente racional,mas também não lógica,daí a importância da intuição e da metáfora. esta ultima é para o autor
É um instrumento privilegiado, pois, contentando-se com descrever aquilo que é, buscando a lógica interna que move as coisas e as pessoas, reconhecendo a parcela de imaginário que as impregna, ela leva em conta o “dado”, reconhece-o como tal e respeita suas Coibições”. (idem,ibidem, p.232)
São as imagens construídas de imaginário e experiências individuais que vão descrever os fenômenos sociais e permitir a compreensão de sua razão interna e de seu sentido. Aqui cabe mais uma vez ilustrar o raciocínio com o exemplo do filme "o carteiro e o poeta", na sequencia em que o personagem que representa o poeta Pablo Neruda ensina o carteiro sobre a importância da metáfora na observação do mundo.ante o olhar maravilhado do seu interlocutor enquanto os dois contemplam uma praia, "Neruda " define a metáfora como a substancia a partir da qual é possível escrever poesias.mais do que isso, compreender o mundo .parece-nos ser esta cena muito representativa do método maffesoliano: através da imagem percebida do cotidiano,do que se observa ao redor,é possível sensibilizar-se e iniciar um caminho me busca da percepção acerca de si e do mundo.são as imagens construídas não somente pela visão,mas pela sensibilidade constituída pelo sujeito e pelo imaginário coletivo que o percebem as componentes fundamentais segundo as quais é possível tanto escrever uma poesia quanto realizar uma pesquisa social,sendo ao mesmo tempo "transporte” do sentido" e mobilizadora da energia social.
• Feminização do mundo:o retorno de outro modo de referir-se ao mundo, de outra maneira de ver a criação. Algo que não tenha a brutalidade da razão instrumental,mas se contente com acompanhar aquilo que cresce lentamente em função de uma razão interna. P.171
• Modus operandi fenomenológico: O fenômeno faz sentido em si mesmo, não precisa ser relacionado a um além de si. Mesmo, qualquer que seja: profano, religioso ou político. p173
• Em vez do porque o como: “como”, o que quer dizer que este é vetor de conhecimento, conhecimento tanto mais primordial por apresentar coisas que são como elas são. p176
• Intelecto x alma: De preferência ao exercício de um intelecto que está sempre a se dizer não, é preciso saber pôr em jogo as molas de uma alma que esteja em correspondência com a alma do mundo. P.180
• Descrição do objeto social: Como observa Ernst Jünger,“não se fala do objeto, mas sim através dele”. P.187
• As ciências sociais: não fazem,propriamente falando, descobertas. A sociologia bem compreendida visa, em vez disso, aprofundar a compreensão de fenômenos que muitos já conhecem”. P.193
• Intuição:
1. É oriunda de um tipo de sedimentação da experiência ancestral, que ela exprime o que propus chamar de “saber incorporado” que, em cada grupo social e, portanto, em cada indivíduo, constitui-se sem que se dê-lhe muita atenção. P.194-195
2. É isto que constitui o próprio da intuição ativa: perceber em toda a sua concretude os valores cotidianos que partilhamos, com outros, no âmbito de um ideal comunitário. p223
• Sentido: o sentido não é imposto do exterior, mas, isto sim,procede de uma verdadeira interação entre o quadro e o observador. p.230
• Vínculo social: O vínculo social não é mais unicamente contratual, racional,simplesmente utilitário ou funcional, mas que integra uma boa parte de não-racional, de não lógico, e exprime isso em efervescências de toda ordem que Podem ser ritualizadas (esporte, música, canto) ou, de modo mais geral são totalmente espontâneas. P.205
• Estética: Deve-se entender estética,aqui, em seu sentido mais simples: vibrar em comum, sentir em uníssono, experimentar coletivamente coisas que permitem a cada um, movido pelo ideal comunitário, sentir-se deste mundo e em casa neste. Mundo. P.207 • Razão:a razão, não importa o que pensem os defensores do nacionalismo é construída a partir de uma intuição inteligente.p212 • a metáfora: 1. é um instrumento privilegiado, pois, contentando-se com descrever aquilo que é, buscando a lógica interna que move as coisas e as pessoas, reconhecendo a parcela de imaginário que as impregna, ela leva em conta o “dado”, reconhece-o como tal e respeita suas Coibições.p.232 (no texto,fazer referencia ao filme carteiro e o poeta,quando Neruda ensina o carteiro o poder da metáfora)
2. pelas imagens, aquilo que descreve, o sociólogo vai, pela utilização das metáforas, fazer sobressair à vitalidade e a dinâmica do vivente.p238
3. Ao mesmo tempo em que o jogo das imagens transporta a emoção coletiva e o prazer dos sentidos, a metáfora, tomada em seu sentido etimológico, permite compreender o “transporte” do sentido. Ela exerce, assim, o mesmo papel que o ritual nas sociedades primitivas: o de mobilizar a energia social.p240
V A experiência • Senso comum: 1. algo que tem sua validade em si, como uma maneira de ser e de pensar que basta a si própria e que não carece, quanto a isso, de nenhum mundo preconcebido, fosse qual fosse, que lhe desse sentido e respeitabilidade.A intuição e o uso da metáfora são, justamente,expressões desse senso comum. Empenham-se em ultrapassar as mediações para alcançar, diretamente, o próprio coração das coisas.p.246
2. O senso comum está fundado aí. Ele põe em jogo, de modo global, os cinco sentidos do humano, sem hierarquizá-los, e sem submetê-los à preeminência do espírito.p247
3. o senso comum é a expressão de um presenteísmo que serve de pivô entre passado e futuro. Dei a isso o nome de “enraizamento dinâmico.p251
4. senso comum, que é totalmente estranho à compartimentação ou, ainda, ao recorte da realidade em rodelas.p255
5. É esse inconsciente coletivo, cujo descrédito ainda é de bom tom proclamar, que constitui a ossatura do senso comum. Ele é como um tipo de substrato mítico que transpira, de diversas maneiras, por todos os poros do corpo social. Ele constitui a experiência do vivente que se enraíza longe na memória da humanidade.p.261
6. Tipo de “buraco negro” onde se concentra uma energia social que escapa às diversas imposições políticas, econômicas e morais que são o próprio do poder. É assim que o senso comum pode ser visto como uma forma de resistência que assegura o perdurar societal na longa duração.p264
• os pequenos rituais cotidianos: confortam o sentimento de pertença, a impressão de fazer parte de uma comunidade.p269
• saber de “tipo Sul”:Um saber que não violenta, de modo prometéico, o mundo social e natural, que não conceituaria, sem precauções, aquilo que é observado, mas, ao contrário, que se contenta em levar em conta, de um modo acariciaste, o dado mundano enquanto tal.p.246
• vida social: a vida social é fundamentalmente politeísta; quaisquer que sejam as diversas legitimações ou racionalizações de que se sirva, ou com as quais seja guarnecida, sua prática é, antes de mais nada, plural.p257
• o pensamento orgânico:saber incorporado que, de geração em geração, vai constituir um substrato que assegura a perduração societal.p251-252
• sociologia: as grandes obras sociológicas ou antropológicas são, justamente, aquelas que atentam para o aspecto concreto e empírico da existência. É assim que podem ser compreendidas as diversas interações que constituem a trama da vida.p.254 Obs:todo o saber é fundado no ser pensante.
• concreto e socialidade: o concreto constitui o terriço, o solo nutriente de toda socialidade.p.255
• a vivência :não é assunto individual.p.270
3. A vivência Logo,é preciso voltar à face da ciência novamente ao senso comum, como expressão do presente,que "põe em jogo, de modo global, os cinco sentidos do humano, sem hierarquizá-los, e sem submetê-los à preeminência do espírito.” (MAFFESOLI, 1998, p.247),inconsciente coletivo que traz no plural da humanidade,repositório dos rituais cotidianos que constituem o ser em comum,cuja vida não é apenas individual,mas coletiva.ater-se a vivencia,ao cotidiano e ao senso comum é,para o autor: “É recusar a separação, o famoso “corte epistemológico” que supostamente marcava a qualidade científica de uma reflexão. É, por fim, reconhecer que, assim como a paixão está em ação na vida social, também tem seu lugar na análise que pretende compreender esta última.p272
A observação sociológica deve fundamentalmente "referir-se à vivência daqueles que são seus protagonistas de base, do que às teorias codificadas que indicam, a priori, o que esse fenômeno é ou deve ser.p.283.baseada neste fato,foi feita a escolha por dar voz aos que experienciaram as oficinas do CPT como modo de dar vida ao fenômeno através dos que vivenciaram-no.Da mesma forma era impossível analisar o fenômeno sem extrair minha própria experiência com o lugar e com as pessoas envolvidas no projeto,como modo de colocar também na analise minhas próprias vivencias com o projeto,na observação mas também na fruição. segundo Maffesoli " Não é possível mover as coisas, a não ser estando-se, de modo orgânico, ligado à própria natureza das mesmas.p.301
• Ater-se a vivência:É recusar a separação, o famoso “corte epistemológico” que supostamente marcava a qualidade científica de uma reflexão. É, por fim, reconhecer que, assim como a paixão está em ação na vida social, também tem seu lugar na análise que pretende compreender esta última.p.272
• “sociosofia”, : uma disciplina que saiba integrar e compreender a “mística do estar-junto”.p272
• busca da vida: “procuremos a vida onde a vida está”, isto é, não nos códigos mortíferos das diversas instituições, mas na agregação comunitária que é sua causa e efeito.p.281
• método e justificativa: para perceber
a especificidade e a novidade de um fenômeno social, convém mais referir-se à vivência daqueles que são seus protagonistas de base, do que às teorias codificadas que indicam, a priori, o que esse fenômeno é ou deve ser.p.283(POR ISSO,ESCOLHI USAR OS RELATOS ATRAVÉS DOS FORMULARIOS E ENTREVISTAS)
• corpo social: o corpo social repousa, antes de mais nada, sobre a colocação dos corpos individuais em relação, e, igualmente, sobre o fato de que essa colocação dos corpos em relação secreta uma aura específica, um imaginário específico que é o cimento essencial de toda vida em sociedade.p.287
• vivência:Deixando fluir a metáfora, pode-se dizer que é a vivência que, em suas formas paroxísmicas, irradia as diversas manifestações da existência do dia-a-dia.p.290
VII A iluminação pelos sentidos • A verdadeira vida :não esta mais no saber e poder.p295(citação indireta)
• Experiência dos sentidos: existe uma dialética entre o conhecimento e a experiência dos sentidos. Mas, à diferença do “sensualismo” do século XIX, tal dialética não é apenas um processo individual, mas tem uma forte carga social.p.297
• a perda do senso estético : um erro epistemológico.p.298
• Saber “dionisíaco” :é aquele que reconhece essa ambiência emocional, descreve seus contornos, participando, assim, de uma hermenêutica social que desperta em cada um de nós o sentido que ficou sedimentado na memória coletiva.p299
• ensinar e fruir: Ensinar e fruir são os motores da compreensão e da ação. Não é possível mover as coisas, a não ser estando-se, de modo orgânico, ligado à própria natureza das mesmas.p.301
• a experiência sensível espontânea :é a marca da vida- cotidiana.p.304

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